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quarta-feira, dezembro 13, 2006

comunicação e sexualidade

INTRODUÇÃO

Segundo Nuno Nodin, os jovens adultos (18-25 anos), constituem uma faixa da população bastante negligenciada nas intervenções para a educação sexual e simultaneamente com significativa necessidade das mesmas, atendendo às peculiaridades do processo de transição para a vida adulta, fase plena de ambiguidade, de factores de stress e de risco. Vejam-se as taxas de incidência de aparecimento de problemas psicopatológicos e da toxicodependência. Enquanto psicóloga do Serviço de Psicologia e Orientação, trabalho com jovens nesta faixa etária numa escola profissional pública e vou considerá-los a população-alvo para a planificação de sessões de educação sexual. Fala-se frequentemente que é necessário ir para além do dar informação em educação sexual- da necessidade de se desenvolverem competências, e de se abordarem os afectos. Assim, a minha planificação insere-se no desenvolvimento de competências generalizáveis também à relação afectivo-sexual: a comunicação assertiva. Ser assertivo é importante para manter uma auto-estima positiva, usufruir dos próprios direitos e respeitar os dos outros e insere-se numa postura positiva face a si e aos outros num “ganho eu, ganhas tu”. A assertividade inclui não só a auto-afirmação, como a expressão de sentimentos “positivos” e “negativos”. Por estas razões deverá constituir tema da educação sexual nas escolas.

SESSÕES
nota: o número de sessões fica ao critério de quem implementar este pequeno programa.

OBJECTIVOS
Conhecer e diferenciar os três estilos de comunicação: assertivo, passivo e agressivo
Reconhecer sinais verbais e não-verbais de cada estilo de comunicação
Reflectir sobre as consequências do uso de cada estilo
Tomar consciência do grau de facilidade/dificuldade em exibir uma comunicação assertiva em função dos interlocutores
Saber usar um estilo assertivo de comunicação
Aplicar os conhecimentos sobre assertividade a situações afectivas e sexuais
Auto-avaliação das aprendizagens sobre assertividade.

ACTIVIDADES/ESTRATÉGIAS
Visionamento de vídeo com pequenos diálogos ilutrativos de cada estilo
Apresentação da definição de cada estilo
Revisionando os vídeos, fazer listagem dos sinais
Debate sobre as consequências do uso de cada estilo, para o próprio, para o outro e para a relação ( enfatizar a atitude de ganhar- ganhar subjacente à assertividade)
Preenchimento individual de ficha de auto-avaliação e posterior debate com participação voluntária
Dadas algumas situações, imaginar um diálogo, dramatizá-lo e gravá-lo para autoscopia
Análise em grupo dos pontos mais e dos que é preciso melhorar
Identificar situações críticas nos relacionamentos: nas suas componentes afectivas e sexuais
Em grupo escrever diálogos assertivos para algumas das situações sugeridas anteriormente e dramatizá-las Reflexão em grupo sobre as aprendizagens feitas
Resposta a questionário para avaliação dos progressos pessoais percebidos.

RECURSOS
Vídeo - sobre os estilos comunicativos
Acetato com a definição dos estilos de comunicação
Ficha com situações descritas; câmara vídeo
Ficha de auto-avaliação dos estilos de comunicação
Quadro da sala Questionário elaborado para avaliação dos progressos pessoais percebidos

casos para ed. sexual

casos para debater



1- A João é uma "maria-rapaz". Não gosta de se arranjar e não tem paciência para as conversas das amigas. Prefere jogar futebol e passa muito tempo com os rapazes. Está apaixonada por um rapaz que a vê apenas como um boa amiga.

Dá-lhe três conselhos!


2- O Diogo é muito mais pequenos do que os seus colegas rapazes e está muito preocupado. Pensa que não vai ser um homem igual aos outros.


Dá três conselhos ao Diogo que o ajudem a sentir-se melhor!


3- A Magda não tem amigas. Pensa que todas as raparigas têm inveja dela por ser muito bonita e atrair muito os rapazes. Por vezes sofre com isso.

Dá-lhe três conselhos!


4- A Rosário está muito triste porque nunca namorou. Não gosta de se ver ao espelho e acha que não é tão bonita como as outras.


Dá-lhe três conselhos!


5- A Luísa está a fazer uma dieta porque acha que tem as ancas muito largas. Os colegas consideram que ela está demasiado magra. A Luísa não concorda e vai continuar a fazer dieta.



Dá-lhe três conselhos!


6- A Sílvia tem 14 anos. É a única rapariga da sua turma que ainda não tem o período menstrual. Está muito preocupada, mas não fala disso com ninguém.


Dá-lhe três conselhos!


7- O Alberto fica muito embaraçado sempre que se apercebe de que teve "sonhos molhados". Não sabe porque é que isso acontece e costuma esconder os lençóis com vergonha dos pais.
Dá-lhe três conselhos!


8- O Dinis está convencido de que o seu pénis é mais pequenino do que o dos amigos da mesma idade.

Dá-lhe três conselhos!

educação sexual nas escolas-documento da APF

POSIÇÃO DA APF SOBRE OS PARECERES DO CNE E DO GTES

I. EDUCAÇÃO SEXUAL E PROMOÇÃO DA SAÚDE NAS ESCOLAS – UM BALANÇO NECESSÁRIO
A promoção da educação sexual nas escolas em Portugal tem já uma história que conheceu progressos e recuos nas últimas duas décadas.
No plano legal, assistimos à produção de legislação cujo objecto foi a educação sexual. Foi o caso da Lei 3/84, da Lei 120/99 e do DL 259/2000.
Sendo os dois primeiros documentos legislação de carácter mais geral, mas que obrigam o Estado português a integrar e promover a educação sexual nas escolas, o DL 259/2000 dá indicações mais claras como é que esta integração deverá ser feita, nomeadamente, no projecto educativo de cada escola e nos planos de trabalho de cada turma.
Por outro lado, a Lei de Bases do Sistema Educativo situa também claramente a educação sexual na obrigação das escolas de contribuir para a formação pessoal e social dos seus alunos.
A tradução desta legislação em políticas e práticas no sistema educativo teve, também, sobretudo na última década e meia, momentos de significativa importância:
A criação da disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social e a elaboração dos respectivos programas pelo Instituto de Inovação Educacional que integraram uma componente de educação sexual (1990-1991)
A criação do Programa de Promoção e Educação para a Saúde que integrou, desde o princípio, a educação sexual como uma das suas vertentes de actuação no âmbito da educação e promoção da saúde
A criação do PEPT – Programa Educação para Todos que também integrou a educação sexual como uma das suas componentes
A criação da Rede de Escolas Promotoras de Saúde e o estabelecimento da sua comissão coordenadora
A realização do Projecto Experimental “Educação sexual e promoção da saúde nas escolas” pelo PPES e pela APF com o apoio técnico do Ministério da Saúde (1995-1998)
A publicação do “Plano de acção Inter-ministerial para a educação sexual e planeamento familiar” (Outubro de 1998)
Na inclusão parcial da educação sexual nos documentos orientadores do ensino básico
A elaboração e posterior publicação em 2000 do documento “Linhas Orientadoras de Educação Sexual em Meio Escolar” (1998-2000)
A celebração do protocolo com a APF em Outubro de 2000 e com o MDV e a FFCS em Dezembro de 2003
O envolvimento activo da CCPES na promoção da educação sexual no âmbito da educação para a saúde, sobretudo nos anos lectivos de 2000/2001 e 2001/2002.
Para além destes progressos, foi ministrada formação em educação sexual a centenas ou mesmo milhares de professores quer pelas estruturas centrais do ME, sobretudo o DEB (Departamento de Ensino Básico) e a CCPES, quer pelos centros acreditados para a formação contínua de professores, entre os quais a APF, quer nos cursos de formação inicial de professores e na formação pós graduada promovida por algumas universidades e escolas superiores de educação.
No entanto, e em sentido inverso a estas dinâmicas, em 2002/2003 iniciou-se um processo de desmantelamento da CCPES e o Estado pareceu preferir delegar nas ONG uma obrigação que lhe cabia fundamentalmente, demitindo-se de ter uma política activa nesta área. Mesmo assim, não foi posto em causa o quadro legal existente, nem foram produzidos novos documentos legais ou quaisquer orientações curriculares nestas matérias.
Assim, como ponto de partida, pensa a APF que, sobretudo na última década, foram produzidas legislação e políticas, foram reunidos saberes e foram formados recursos, foram realizados, testados e avaliados projectos experimentais na área da educação sexual e realizaram-se significativos progressos no âmbito da promoção e educação para a saúde nas escolas. Por último, foram estabelecidas parcerias entre ministérios e serviços governamentais e entre o Estado português e alguns actores da sociedade civil, nomeadamente algumas ONGs.
Estes progressos não podem nem devem agora ser ignorados ou menosprezados, sob o risco de desperdiçarem, mais uma vez, recursos, saberes especializados e experiência e conhecimento de terreno.
II. O PAPEL DA APF
A APF, ao longo destes anos, foi talvez, e sem falsas modéstias, a mais activa organização na sociedade portuguesa quer na defesa da educação sexual, quer na formulação de propostas ao Estado, quer no estudo e reflexão sobre o tema da educação sexual. (e) Foi também a estrutura não governamental mais activa no apoio às escolas em todo o território nacional.
Em primeiro lugar, e sendo a educação sexual no início da década de 80 um conceito e uma prática muito pouco conhecidos em Portugal, foi graças à APF que se iniciou, em 1984, um processo de elaboração, construção e propostas no sentido da definição de um quadro técnico e científico orientador da educação sexual. Tal foi feito através do recurso a especialistas nacionais e estrangeiros, através da promoção de seminários e jornadas de reflexão. Este processo foi realizado numa estreita ligação e aprendizagem com os próprios destinatários, nomeadamente com os professores, com os jovens e com as famílias dos jovens.
Ao longo destes anos, e numa perspectiva de defesa da educação sexual como um direito humano básico das crianças, dos jovens e das famílias, a APF apresentou propostas para a integração da educação sexual no sistema e nas políticas educativas e promoveu o debate público deste tema. A todas as equipas ministeriais desde o ano de 1984 foram apresentadas estas propostas. Todas as equipas com responsabilidades políticas receberam propostas da APF. Nestas, destacaremos:
Em Junho de 1988, a apresentação ao Grupo de Trabalho de Reorganização Curricular, do documento “Sugestões para a elaboração de um programa de Educação Sexual nos ensinos básico e secundário”
Em Fevereiro de 1990, a apresentação ao IIE de um parecer sobre os programas da disciplina de “Desenvolvimento Pessoal e Social” .
Em Maio de 1995, a proposta apresentada à Coordenadora do PPES para a realização de um projecto experimental de educação sexual, que foi aceite e deu origem ao projecto já referido.
A participação, entre 1998 e 2000, na elaboração das “Linhas Orientadoras para a Educação em Meio Escolar”.
A APF teve um papel pioneiro na formação técnica e científica dos formadores em educação sexual, os quais vieram a constituir-se importantíssimos recursos em todo o território nacional em actividades directamente promovidas pela APF mas, sobretudo, actuando como formadores das instituições formadoras de professores e outros profissionais, incluindo-se aqui o ensino graduado e pós-graduado no ensino universitário e politécnico. Neste contexto, a APF produziu e publicou estudos e manuais de apoio a professores para todos os níveis de ensino, incluindo também a educação pré-escolar e a educação especial.
A APF tem constituído um recurso essencial no terreno para as escolas e professores, produzindo materiais educativos destinados a jovens, a crianças e aos encarregados de educação, sensibilizando e formando os diversos actores da comunidade educativa, nomeadamente professores, outros funcionários e os encarregados de educação, dando aconselhamento e apoio técnico a projectos em desenho ou em curso e contribuindo na avaliação de projectos de educação sexual.
Nos últimos 5 anos, a APF apoiou, a pedido das escolas, mais de metade das EB2,3 e das escolas secundárias portuguesas, e ajudou muitas delas a construir e a implementar projectos duradouros de educação sexual.
III. O QUE FALTOU?
Até ao ano 1998, faltou uma vontade política clara de generalizar a educação sexual nas escolas. À excepção do PPES e do PEPT e de algumas iniciativas de carácter pontual na DEB, o ME nunca integrou a educação sexual nas suas responsabilidades políticas. Só após o referendo sobre a IVG em 1998, e no âmbito da elaboração do “Plano Inter-ministerial “ atrás referido, a generalização da educação sexual foi pela primeira vez enunciada como um objectivo a alcançar (em 2003).
Até 2000, faltou um quadro legal claro para que esta generalização se procedesse. A aprovação da lei 120/99 e o processo da sua regulamentação através do DL 259/2000 vieram suprir esta lacuna.
Até 2000 faltaram também orientações claras que enquadrassem este processo de generalização. A publicação das “Linhas Orientadoras” em Outubro de 2000 constituiu um passo de enorme importância na definição do modelo de educação sexual que se desejava prosseguir e nas orientações técnicas correspondentes
Depois de 2000 faltou principalmente a avaliação e o acompanhamento técnico deste processo, embora sejam de realçar algumas iniciativas da CCPES (inquéritos às escolas em 2001 e 2003) que, no entanto, ficaram incompletas. De facto, se muitas escolas e professores se envolveram em acções e projectos de educação sexual, este processo não foi generalizado.
Faltou também a avaliação da própria actividades dos actores principais, nomeadamente a CCPES no plano governamental e as ONGs.
Como já foi dito, a partir de 2002/2003 o ME interrompeu o processo que estava em curso.
As iniciativas tomadas em Maio/ Junho de 2005 pela actual equipa ministerial retomam a iniciativa política do ME em matéria da educação sexual, iniciando um processo público de reflexão e debate que reputamos da mais alta importância.
IV. SOBRE O PARECER DO CNE
A APF concorda, na generalidade, com o parecer do CNE, realçando nele os seguintes aspectos:
O CNE enquadra, quanto a nós correctamente, a educação sexual na Formação Pessoal e Social, tal como disposto na LBSE e, neste enquadramento,
O CNE sublinha o carácter obrigatório e não opcional da educação sexual, dado que a situa como uma finalidade do sistema educativo.
O CNE reafirma a natureza ética da educação sexual e a sua integração e contribuição para a educação em valores e para os valores.
O CNE considera a educação sexual como uma componente do ensino básico e secundário e não só do ensino básico.
O CNE realça a importância de se desenvolverem e consolidarem mecanismos de avaliação.
O CNE propõe que seja feita a avaliação das actividades no âmbito dos protocolos estabelecidos com as ONG.
O CNE reafirma a importância da articulação escola- família.
O CNE recomenda que a educação sexual seja considerada uma prioridade na formação inicial e contínua de professores.
O CNE baseia o seu parecer numa vasta documentação, nomeadamente em documentos que foram constituindo progressos essenciais na formação pessoal e social, na educação para a saúde e na educação sexual.
V. SOBRE O PARECER DO GTES
O Relatório Preliminar do Grupo de Trabalho de Educação Sexual retoma, no essencial, um conjunto de propostas que foram sendo experimentadas e desenvolvidas desde o início da década de 90 e que somente foram interrompidas em 2002/2003.
Neste sentido, consideramos que a “Nova Dinâmica Curricular para a Educação para a Saúde” não é nova, nem inovadora. De facto, o relatório não contem aprofundamentos importantes em relação a outros documentos anteriormente produzidos quer no âmbito da educação para a saúde e, muito mais, no âmbito da educação sexual.
Tão pouco o relatório propõe inovações no panorama curricular e nas estratégias de inclusão da educação para a saúde/educação sexual e aposta, tal como o CNE, na articulação entre a transversalidade nas disciplinas curriculares e o aproveitamento das áreas curriculares não disciplinares.
Este relatório é importante quando reafirma questões como o carácter obrigatório e prioritário da educação para a saúde, ou a necessidade da articulação escola/famílias, a articulação entre as escolas e os serviços de saúde ou ainda o carácter complementar do papel das ONG.
Por outro lado, tendo sido este grupo de trabalho nomeado para “proceder ao estudo e propor os parâmetros gerais dos programas de educação sexual em meio escolar”, há que situar este documento como um primeiro relatório, necessariamente geral.
Tem, no entanto, insuficiências claras e aspectos críticos que, de seguida, realçaremos.
Sobre o modelo proposto e a sua exequibilidade
O GTES retoma a proposta de que a educação sexual seja integrada na área da educação para a saúde o que, não sendo em si incorrecto, style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 9px;". De facto, embora a educação sexual tenha e seja uma componente de educação para a saúde, transcende a saúde para se situar também no campo mais geral do crescimento e da formação pessoal e social. É o que de resto acontece noutros países da União Europeia.
O GTES propõe um modelo que afirma ter elementos inovadores, aspectos que, realmente, não o são. Um exemplo do que afirmamos é o que acontece na pag.10 onde se refere que “De acordo com estudos recentes, a nova dinâmica curricular incluirá necessariamente estratégias como a promoção das competências sociais...”. Ora, o documento está a esquecer que esta inclusão estava já proposta em anteriores documentos orientadores da educação para a saúde e, também, de forma clara nas “Linhas Orientadoras” (Págs. 30, 68, 79 e 92), em que a aquisição de determinadas competências é um dos objectivos fundamentais da educação sexual e da educação para a saúde.
Os conteúdos temáticos que se propõem constituem propostas interessantes e oportunas, mas são extremamente vagos e carecem de uma rápida concretização para que possam ser implementados. Pelo exposto, não compreendemos como é que o GTES afirma que esta “Nova Dinâmica” pode começar a ser implementada dentro de algumas semanas. Nomeadamente, o documento quantifica, mas não é claro, à programação e aos conteúdos das distintas unidades temáticas e não é claro, também, nos conteúdos de educação sexual a desenvolver em cada ciclo de ensino.
Sobre a educação sexual
O GTES, na análise retrospectiva que faz, alude as “Linhas Orientadoras” sem se pronunciar sobre elas. Tal facto parece-nos estranho dado que, se um grupo é nomeado para “proceder ao estudo e propor os parâmetros gerais dos programas de educação sexual em meio escolar”, não pode ignorar o principal documento orientador que foi produzido no nosso país nesta matéria, o qual resultou de um projecto experimental de 3 anos e foi elaborado por uma vasta equipa técnica e apreciado por mais de uma centena de especialistas e instituições. Neste contexto, teria sido essencial que o GTES se posicionasse criticamente em relação às “Linhas Orientadoras” como faz o CNE e, nomeadamente, retomasse uma das questões centrais que fora objecto das polémicas recentes em torno da educação sexual: a saber, as questões referentes ao quadro ético e aos valores orientadores dos programas de educação sexual. Ora, sobre o quadro ético da educação sexual, o relatório do GTES é totalmente omisso
O documento limita a educação sexual aos 2º e 3º ciclos do ensino básico. De facto, a educação sexual é omitida no 1º ciclo e, no ensino secundário, apenas propõe a criação de Gabinetes de Apoio do tipo “Aconselhamento médico-psicológico”, actividade que não pode nem deve ser confundida com a educação sexual em contexto de turma.
Não se compreende, pois, porque se deixam de fora do acesso a programas de educação sexual quer as crianças quer os adolescentes. Por um lado, existem em Portugal e são positivas numerosas experiências e projectos de educação sexual (ainda que muitas vezes não sejam assim designadas) na educação pré-escolar e no 1º ciclo, em que se procuram construir estratégias de aprendizagem e de resposta à curiosidade características destas fases. Por outro lado, na fase final da adolescência, que coincide em linhas gerais com a frequência do ensino secundário, é essencial que os jovens, muitos deles já envolvidos em relacionamentos sexuais, e que são confrontados com muitos dos problemas justamente apontados nos trabalhos de Margarida G. Matos referidos, tenham a oportunidade de trabalhar e discutir questões relativas à educação sexual e à saúde sexual e reprodutiva. Ao contrário do que o relatório refere na pag.66, o projecto experimental “Educação sexual e promoção da saúde nas escolas” conseguiu desenvolver actividades de educação sexual nas escolas secundárias abrangidas, numa lógica transversal e existem actualmente projectos de educação sexual em muitas escolas secundárias no país. Por outro lado, em todos os países europeus com educação sexual nas escolas ela estende-se ao 1º ciclo e ao ensino secundário, pelo que discordamos da proposta do GTES.
Neste ponto é necessário que sejam bem claras as funções destes gabinetes de apoio técnico. É igualmente necessário que se clarifique melhor o papel, as funções e as competências dos professores tutores, para que se distingam claramente os níveis educativos dos níveis de aconselhamento e orientação, os quais pressupõem competências técnicas específicas que a maior parte dos professores não tem.
Ao abordar a formação futura de professores, o GTES não refere os Centros de Formação de Escolas e limita as entidades formadoras ao ensino politécnico e superior. Ora, um parcela importantíssima da formação contínua de professores, nomeadamente na área da educação sexual, tem sido assegurada pelos centros acreditados para a formação de professores, incluindo nestes os centros de formação de escolas.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Adolescentes e SIDA - dados da investigação


Estudos recentes mostram uma elevada prevalência de comportamentos de alto risco entre jovens, tanto sexuais quanto relacionados com o uso de drogas, e consequentemente ao HIV/SIDA, devido, principalmente, à falta de percepção de vulnerabilidade, o que torna difícil à inserção de medidas preventivas.

A associação entre a bebida alcoólica e a busca pelo prazer sexual correlaciona-se com uma menor percepção de vulnerabilidade à SIDA.

Num estudo de âmbito nacional em jovens (11,13 e 15 anos, cuja média de idades se situa nos 14 anos), levado a cabo por Matos e Equipa do Projecto Aventura Social & Saúde (2003), numa amostra estratificada por regiões do país em escolas que incluíam os 6º, 8º e 10º anos de escolaridade, os resultados relacionados com os comportamentos sexuais dos adolescentes foram:

76.3% referem não ter tido relações sexuais,
são os rapazes que mais frequentemente afirmam já ter tido relações sexuais (33.3% para 15.0% no sexo feminino),
também são os rapazes que afirmam ter iniciado a vida sexual mais cedo, à semelhança dos jovens mais velhos (38.6% dos jovens com mais de 16 anos).

Neste estudo foi possível concluir que os rapazes são mais vulneráveis ao risco do que as raparigas.


O preservativo é o método mais usado entre os adolescentes, no entanto a sua não utilização está associada às seguintes crenças e preocupações:

a percepção de que não estão em risco (a maior parte, 40%, admite que só existe alguma possibilidade de ser contagiado);
a confiança que depositam no(a) parceiro(a) (48.7% considera que o uso do preservativo é mais adequado com parceiros ocasionais);
acreditam na sua capacidade para reconhecer um portador assintomático pelo seu aspecto físico (11.9%);
as preocupações sobre o que é que os outros pensam, as suas opiniões (amigos e parceiros);
acreditar que o uso do preservativo faz diminuir o prazer associado ao sexo (22.5% considera que o preservativo torna as relações sexuais menos satisfatórias);

As crenças/preocupações têm um papel superior à informação sobre os benefícios ou vantagens do uso do preservativo.

quinta-feira, novembro 23, 2006

7º. congresso virtual de HIV- SIDA

Informação muito relevante!!!

www.aidscongress.net

terça-feira, novembro 14, 2006

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Você está sempre a tempo de mudar a história. Não seja cúmplice, denuncie!







Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica: 800202148
LNES: 144
APAV: 707 200 077 (dias úteis: 10h00/13h00 e 14h00/17h00


sábado, novembro 11, 2006

sábado, novembro 04, 2006

MATERIAIS PEDAGÓGICOS (SIDA)

1 de Dezembro: Dia Mundial de Luta contra a Sida

FICHA (CORRIGIDA) PARA OS PROFESSORES USAREM


1- "SIDA" é a sigla para "Síndrome de imunodeficiência adquirida". ……V

2- Uma pessoa pode ser portadora do vírus HIV e não desenvolver a SIDA. ……..V…
(Há pessoas que são portadoras e não desenvolvem a SIDA. Os cientistas estão a estudar por que será na esperança de conseguirem elaborar uma vacina. O tratamento possível, faz-se com terapêuticas retrovíricas de alta potência que evitam a passagem do VIH à SIDA.)

3- O vírus HIV só se transmite por via sanguínea. ………F..
(O vírus transmite-se por via sanguínea, por via sexual e de mãe para filho na gravidez e/ou na amamentação)

4- A maior parte dos infectados com o vírus HIV é homossexual. ….….F…
( Neste momento o número de infectados heterossexuais já ultrapassou o grupo dos homossexuais e também dos toxicodependentes. Este último grupo beneficiou bastante com a campanha de troca de seringas.)

5- Há países que têm quase metade da sua população infectada. .……V…
(Em Africa e na Ásia, a situação é dramática. Na Suazilândia, por exemplo, 40% da população é seropositiva e 90% das camas dos hospitais são ocupadas por portadores de VIH.)

6- A Sida está a afectar os idosos. .………V...
(Nos últimos 5 anos, o número de pessoas com mais de 50 anos com SIDA aumentou quase 70%. Sabe-se também que 60% dos médicos nem sequer falam de sexualidade com os idosos.)

7- Desde o aparecimento da SIDA, já morreram 10 milhões de pessoas. …...……F..
( Infelizmente, o número real é de 23 milhões e 100 mil pessoas ! Até 2015, prevê-se que morram 74 milhões de pessoas pertencentes à população activa.)

8- A melhor forma de evitar contrair o vírus é utilizar sempre preservativo nas relações sexuais. …………………………………………………………………….…V.

9- Apesar de estarem informadas, muitas pessoas continuam a não usar o preservativo. ………………………………………………………………………………………V..
( Em Portugal o número de novas infecções por VIH não para de aumentar especialmente na população jovem heterossexual.)

10- Já não existe discriminação para com os portadores do vírus HIV…… . .………F
(A discriminação continua, justificada muitas vezes pelo desconhecimento acerca das formas de transmissão do vírus. Numerosos doentes com SIDA são abandonados pela suas famílias e nos Estados Unidos, estão a aparecer as primeiras queixas contra lares de idosos que recusam receber portadores do vírus VIH.)

PROFESSORES

Disponibiliza informação para professores



CONCEITO DE SEXUALIDADE (O.M.S.)


...”Uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e por isso influencia a nossa saúde física e mental.”






CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO AFECTIVA E SEXUAL


1 – Desenvolvimento afectivo-sexual humano

1.1 – Atitudes face à sexualidade: perspectivas histórica e multicultural.
1.2 – Evolução afectivo-sexual ao longo da vida.
1.3 – Factores culturais e sociais na sociedade Ocidental: a cultura juvenil; papeis de género; estereótipos de género e outros factores sociais.


2- Factores de risco e de protecção associados à actividade sexual

2.1- Conceito de “saúde sexual”
2.2- Estatísticas relativas aos comportamentos de risco
2.3- Modelos explicativos das condutas de risco na sexualidade;Orientações para melhorar a eficácia das intervenções
2.4- Estilos de vida saudáveis relativamente aos afectos e à sexualidade


3- Educação afectivo-sexual

3.1- Legislação sobre a educação sexual e sua operacionalização progressiva, desde o Projecto Educativo de Escola até ao Plano Curricular de Turma
3.1- Papel dos diferentes agentes educativos: as condições desejáveis e as reais
3.2- Modelos de educação sexual
3.3- Serviços governamentais ou não para apoio à educação e promoção da “saúde sexual”

3.4- Componente informação na educação sexual:

- Anatomia e resposta sexual humana
- Funções da sexualidade
- Variabilidade do comportamento sexual humano
- Métodos anticoncepcionais
- Doenças sexualmente transmissíveis
- Serviços comunitários.


3.5- Componente motivacional na educação para a saúde sexual:

- Mediadores afectivos na comunicação ( compreensão empática, escuta activa, aceitação incondicional e respeito, confidencialidade- técnicas de “counseling”)
- Estratégias para “fazer passar a mensagem” (ex. estudo de casos, role play exposições, transversalidade curricular, informação relevante e adequada `a pessoa e à faixa etária, métodos activos e participativos, como dinâmicas de grupo, recurso a mediadores juvenis, envolvimento da família)
- Estratégias para fomentar a auto-estima, a auto-eficácia, a aceitação de si próprio enquanto ser sexuado
- Internalização da percepção do controlo.


3.6- Componente de desenvolvimento de competências:

- Compreensão das emoções e sentimentos em si e nos outros
- Resolução de problemas
- Comunicação em geral e em especial a assertividade e a negociação
- Projectos de vida e formulação de planos pessoais na área afectivo-sexual
- Clarificação de valores
- Processos de tomada de decisão.


4- Intervenção na comunidade

4.1- A sensibilização e cooperação com a família
4.2- As parcerias com a comunidade, em especial os serviços de saúde.





Sexualidade ao Longo daVida



Introdução

A forma como a sexualidade aparece e se manifesta, é um tema que sempre suscitou muita controvérsia. O debate centrou-se principalmente na questão: é a sexualidade aprendida ou determinada por factores biológicos? Para uns, a sexualidade é sobretudo devida às hormonas que alteram a química do nosso organismo. Para outros, o que é determinado biologicamente são os orgãos sexuais, porque o resto é adquirido através da aprendizagem.

As investigações realizadas para saber até que ponto existe uma determinação ou responsabilidade biológica no interesse sexual, não têm tido resultados consistentes. Ou seja, os resultados não conseguem apontar claramente para que a sexualidade humana seja directamente devida apenas a factores biológicos.

Existem no entanto muitas evidências de que a sexualidade é aprendida, portanto, grande parte do nosso interesse sexual é resultado da aprendizagem. Esta depende de dois factores básicos: o tipo de ambiente social em que se vive e as experiências concretas ou específicas que se tiveram nesse ambiente social.

Assim, pode-se dizer que a sexualidade, depende certamente de factores biológicos e da aprendizagem, tendo esta no ser humano um papel importantíssimo. Mas a aprendizagem não ocorre em pacotes ao mesmo tempo para todas as pessoas. As pessoas diferem não só na rapidez com que aprendem mas também na forma como arrumam essas aprendizagens até formar um conceito de sexualidade.

É pois importante não esquecer que as idades assinaladas são referências para facilitar a compreensão do desenvolvimento sexual no ser humano, que não são seguidas de forma rígida e igual para todas as pessoas.



Infância (dos 0 aos 2 anos)

A capacidade do corpo humano mostrar uma resposta sexual está presente desde o nascimento, por exemplo, os bebés do sexo masculino têm erecções. No sexo feminino não existem indicações tão claras da resposta sexual, no entanto, tendo em conta a semelhança da resposta fisiológica sexual entre ambos sexos, parece razoável pressupor que os bebés do sexo feminino possuam uma resposta sexual semelhante aos do sexo masculino.

Masturbação
A masturbação é observada na forma de carícias aos genitais. Apesar de que existam dúvidas sobre o quão conscientes estão os bebés em relação ao comportamento, não parecem existir em relação ao facto de que parecem estar envolvidos numa actividade de auto-estimulação sexual prazenteira. Ao longo do desenvolvimento da criança são observáveis períodos mais claramente centrados nos genitais e de "jogo sexual". Ao longo dos anos a maior parte dos rapazes e raparigas progridem de uma estimulação não pensada dos genitais para a masturbação propriamente dita entre os 6 e os 8 anos. A ocorrência de orgasmos fruto da masturbação é possível mesmo com tenra idade, embora a ejaculação nos rapazes não seja possível antes da puberdade.

A masturbação é uma forma de expressão sexual normal e natural da infância. Não é, de forma alguma, sinal de patologia ou problema. Se não existir nenhum tipo de repressão por parte do meio envolvente, o desenvolvimento normal será o descrito acima.

Encontros Sexuais Criança – Criança
O desenvolvimento sexual dos bebés e jovens crianças, tem as mesmas características do desenvolvimento dos outros comportamentos infantis. Assim nos primeiros tempos o comportamento sexual é tipicamente centrado no próprio e de tipo masturbatório. Só mais tarde é que se começam a desenvolver comportamentos afectivos ou sexuais que envolvem outra pessoa, do mesmo sexo ou de sexo oposto.

Experiências Sensuais Não Genitais
Ser acariciado e embalado pode ser uma experiência tenra e sensual. De facto experiências deste tipo desde tenra idade podem influenciar as reacções à intimidade e comportamentos carinhosos na idade adulta. Parece verificar-se no entanto, que em relação a este aspecto as crianças dividem-se em dois grupos, as crianças que gostam de ser acariciadas e as crianças que mostram um certo desconforto e rejeição ao contacto físico, o que indicia dois padrões diferentes de personalidade.

Vinculação
A qualidade do relacionamento com os pais desde tenra idade, pode ser de grande importância para os relacionamentos emocional e sexual que mais tarde surjam. A vinculação é um laço afectivo que se estabelece nas horas após o nascimento e que continua pelo período da infância, adolescência e até idade adulta (com algumas modificações derivadas do próprio desenvolvimento). A vinculação também pode ocorrer com outras pessoas da família ou muito próximas (além dos pais). A qualidade destas vinculações, se são seguras, inseguras, evitantes ou ambivalentes, parecem afectar a capacidade de vinculação emocional da pessoa na idade adulta.

Tomada de Conhecimento das Diferenças entre Rapazes e Raparigas
Entre os 2 e os 2 1/2 anos as crianças apercebem-se de que género são, masculino ou feminino. Embora de início creiam que as diferenças estão no tipo de roupa ou corte de cabelo, por volta dos 2 1/2 anos têm pelo menos uma vaga ideia da existência de diferenças na zona genital e na posição adoptada ao urinar.


Infância (dos 3 aos 7 anos)


Nesta altura existe um aumento do interesse em geral pelas coisas que rodeiam a criança, o mesmo ocorrendo em relação ao interesse e actividade sexual.




Masturbação
As crianças ganham pouco a pouco experiência na masturbação, embora nem todas as crianças se masturbem durante este período. É também durante este período que aprendem que a masturbação é algo que se faz em privado.

Comportamento Heterossexual
A sexualidade torna-se mais social pelos 4 ou 5 anos, existindo algum jogo heterossexual, como por exemplo "brincar aos médicos". Aos 5 anos aproximadamente, as crianças já formaram um conceito de casamento, pelo menos nos seus aspectos não genitais, apercebem-se de que o sexo oposto é o apropriado para o casamento e comprometem-se a casar quando forem mais velhos, adoptando os papeis de casados no "brincar às casas".

Comportamento Homossexual
Durante o período da infância e pré-adolescência o jogo sexual com parceiros do mesmo sexo pode ser mais frequente que o estabelecido com membros do sexo oposto.

Conhecimento Sexual e Interesses
Aos 3 ou 4 anos as crianças começam a ter algumas noções sobre a existência das diferenças genitais entre homens e mulheres, mas as noções são pouco claras, é apenas aos 5, 6 ou 7 anos, que vão adquirindo uma ideia clara do que são as reais diferenças.

Por volta dos 3 anos existe um claro interesse em relação às distintas posturas utilizadas para urinar. Nesta idade, as crianças são também extremamente afectuosas, adoram abraçar e beijar os pais e chegam até a propor casamento ao progenitor do sexo oposto.

Aos 4 anos o interesse pelas casas de banho e a eliminação, mantém-se sendo comuns jogos em que se "mostram". No entanto, aos 5 anos as crianças tornam-se mais pudicas, desenvolvendo princípios de modéstia e privacidade em redor aos 6 ou 7 anos. Nesta idade vão-se apercebendo igualmente, das restrições sociais existentes em relação à expressão sexual.

As brincadeiras sexuais são nesta idade motivadas principalmente pela curiosidade, constituindo uma parte do conjunto das aprendizagens da infância.



Pré-Adolescência (dos 8 aos 12 anos)


A pré-adolescência é um período de transição entre a infância e a puberdade e adolescência. O interesse e expressão da sexualidade permanecem despertos durante esta fase. Nesta altura dá-se um acordar da sexualidade, que na maioria dos casos não ocorre antes dos 10 anos que é, no entanto, um momento muito significativo.

Por volta dos 9 ou 10 anos a puberdade começa com as mudanças corporais, como a formação dos caroços mamários e o crescimento dos pelos púbicos. O aumento da auto-consciência corporal desenvolve-se até ao ponto em que a criança pode sentir-se desconfortável ao sentir que o progenitor do sexo oposto a está a ver nua.


Masturbação
Durante a pré-adolescência cada vez mais crianças ganham experiência com a masturbação. A forma como o fazem as raparigas é distinta por norma à forma como o fazem os rapazes. Tipicamente os rapazes fazem comentários com os pares, vêm os colegas faze-lo ou lêem coisas sobre o tema, nas raparigas é a descoberta acidental na própria o mais comum.

Comportamento Heterossexual
Em geral existe pouco comportamento heterossexual durante este período, principalmente devido à comum divisão social de rapazes e raparigas em diferentes grupos. No entanto, é durante este período que tomam conhecimento das relações sexuais propriamente ditas pela primeira vez. As reacções a esta nova informação variam entre o choque e o descrédito, sobretudo é muito comum que não consigam acreditar que os pais tenham relações sexuais.

Comportamento Homossexual
É importantíssimo ver a actividade homossexual neste período como uma parte normal do desenvolvimento sexual das crianças. Na pré-adolescência a organização social é essencialmente constituída por grupos de rapazes e raparigas separados, cuja convivência social acaba por ser quase sempre com elementos do mesmo sexo, aos 12 ou 13 anos é o momento em que existe uma maior segregação sexual entre os grupos e ao mesmo tempo existe um maior interesse pelo sexo oposto. Assim, a exploração sexual desta idade é com maior probabilidade de natureza homossexual do que heterossexual.

As actividades sexuais mais prováveis envolvem geralmente a masturbação, o exibicionismo e a exploração dos genitais dos outros. Mas como mencionado anteriormente, o mais provável é que os rapazes façam a sua exploração sexual em grupo, enquanto que as raparigas a façam individualmente.

Namoro
Existe alguma antecipação durante a pré-adolescência dos comportamentos de namoro da adolescência. Jogos que incluam beijos são típicos nas festas ou namorados de faz de conta que geralmente não incluem outros comportamentos que não os beijos.

Em relação aos valores sexuais, os pré-adolescentes tendem a ser conservadores enquanto a tendência dos adolescentes é a de serem progressivamente mais liberais.

Adolescência (dos 13 aos 19 anos)


Neste período dá-se um aumento do interesse sexual devido a vários factores, como as mudanças corporais, o aperceber-se das mesmas, o aumento dos níveis de hormonas sexuais, a crescente ênfase cultural em relação ao sexo e à diferença entres os papeis feminino e masculino.

Masturbação
Nos rapazes existe um grande aumento da frequência do comportamento de masturbação entre 13 e os 15 anos de idade, nas raparigas este aumento parece ser muito mais gradual. Ao longo da adolescência e idade adulta parecem existir algumas diferenças no comportamento sexual entre homens e mulheres, o comportamento masturbatório nos rapazes é mais frequente (ocorre um maior número de vezes) do que nas raparigas, por outro lado a frequência diminui nos rapazes quando estes mantêm relações sexuais enquanto nas raparigas tende a aumentar.

As atitudes em relação à masturbação têm mudado radicalmente neste passado século, tendo aumentado muito a informação sobre a mesma e tendo-se desmistificado muitas crenças. Embora exista um reconhecimento explicito da importância da masturbação (sendo até uma recomendação em terapia sexual), as pessoas continuam a manter sentimentos contraditórios sobre a mesma, como sentir culpabilidade, vergonha ou ainda colocar-se numa atitude defensiva.

Comportamento Homossexual
Uma ou um par de experiências homossexuais durante o período da adolescência, são frequentes para uma certa percentagem dos adolescentes, se incluirmos a excitação sexual com outros jovens do mesmo sexo a percentagem sobe muito.

A grande maioria das experiências homossexuais ocorrem entre os pares e raramente se devem a seduções por parte de pessoas adultas. Muitas vezes estas experiências acontecem de forma bastante ingénua e não premeditada. Os comportamentos homossexuais da adolescência não são indicadores de uma orientação homossexual do adulto.

Comportamento Heterossexual
Durante a fase intermédia e final da adolescência o número de jovens que tem comportamentos heterossexuais e relações sexuais é cada vez maior, assim como existe um aumento da frequência em que os mesmos ocorrem. O comportamento heterossexual aumenta até se tornar na principal fonte de interesse sexual.

Em termos de desenvolvimento individual, a progressão é muito regular começando pelo beijo, continuando pela estimulação dos seios e genitais e terminando com a relação sexual e contacto oral-genital.

Antes da primeira relação sexual os rapazes frequentemente sentem excitação e as raparigas receio, durante a relação as raparigas sentem com maior frequência sentimentos de culpa, pena ou desapontamento, enquanto os rapazes referem com maior frequência sentimentos positivos de alegria e sensação de maturidade, no entanto as raparigas valorizam muito menos a primeira relação sexual que os rapazes.

Com as mudanças culturais é cada vez menos comum manter a virgindade até ao casamento. Os novos comportamentos sexuais na juventude têm diminuído as iniciações masculinas com prostitutas e o recurso a elas. Os jovens têm aumentado muito o seu recurso à estimulação oral-genital assim como ampliado o seu leque técnicas que incluem uma variedade grande de posições durante a relação sexual. Infelizmente também têm sentido uma maior pressão no sentido de um desempenho sexual excepcional.

As atitudes sobre as relações sexuais antes do casamento variam muito com a idade, mas em geral pode dizer-se que existe uma tendência para a aceitação das relações sexuais antes do casamento desde que com afecto. Isto significa que, ao contrário do que se poderia pensar, não se fomentou o sexo impessoal ou casual, pelo contrário, o número de parceiros tende a manter-se baixo e permanece uma clara intenção de fidelidade, embora a duração da relação seja incerta.


A Importância da Sexualidade no Desenvolvimento Psicossocial


Durante o desenvolvimento na infância, adolescência e idade adulta, existem fases de crise ultrapassáveis com maior ou menor facilidade consoante as características de cada pessoa e do meio familiar e social envolvente. Durante a adolescência existem importantes mudanças (tarefas desenvolvimentistas) que o/a jovem tem que realizar, em muitas delas a sexualidade é uma parte essencial no desenvolvimento psicológico. De entre as várias existentes, destacam-se as seguintes:
Tornar-se independente dos pais. A sexualidade é uma forma de expressar a autonomia e independência dos pais.
Estabelecer um sistema de valores morais/éticos próprio e viável. Para muitos adolescentes, algumas das decisões morais mais importantes tomadas de modo independente dos pais, relacionam-se com o seu próprio comportamento sexual. É nesta fase que emerge um sistema pessoal de valores éticos.
Estabelecimento da identidade, especialmente de uma identidade sexual.
Desenvolvimento da capacidade para estabelecer e manter uma relação íntima com outra pessoa.
Conclui-se pois que a sexualidade é uma parte integrante do desenvolvimento psicológico de todas as pessoas.



Meia Idade


Existem muitos mitos falsos sobre a actividade sexual na meia idade (40 – 60 anos). Um deles é que o fim da actividade sexual satisfatória acaba após a menopausa, muitas pessoas acreditaram nisto acabando por torna-lo realidade nas suas próprias vidas. Muitas crianças filhas de pais desta idade, são totalmente ignorantes da actividade sexual de seus pais, acreditando que os mesmos não têm relações sexuais. No entanto, com as atitudes progressivamente mais liberais da nossa sociedade e com os avanços na área da saúde, a importância da intimidade sexual nesta fase da vida tem sido cada vez mais destacada.

A actividade sexual diminui apenas ligeiramente durante as décadas dos 40 e dos 50 anos, as grandes diminuições não se devem normalmente a causas fisiológicas, excepto nos casos de determinadas doenças crónicas, cirurgias, certos medicamentos, e excessos alimentares ou de consumo de álcool. As causas mais frequentes de diminuições acentuadas na actividade sexual nesta fase etária devem-se especialmente à monotonia na relação, preocupações financeiras ou com os negócios, cansaço físico ou mental, depressão, dificuldade em colocar a intimidade sexual como importante, medo de não conseguir erecções, ou falta de um parceiro/a.

Para muitos casais, no entanto, o fim do receio de gravidezes inesperadas e o aumento do tempo de privacidade no casal, permitiram conseguir uma vida sexual mais agradável. Muitas mulheres conhecem muito melhor suas necessidades e desejos, e sentem-se mais livres para tomar a iniciativa aumentando o seu interesse. Por outro lado, como a rapidez da resposta sexual masculina diminui um pouco, os períodos de actividade sexual são mais longos, o que ajuda muitas mulheres a alcançarem seus próprios orgasmos com mais facilidade, e aos casais sentirem maior prazer durante a sua intimidade sexual.

Por vezes durante esta fase da vida surgem preocupações excessivas com o envelhecimento. Estas são muito mais acentuadas na mulher que no homem, pois se as rugas e o cabelo grisalho, são muitas vezes associadas à experiência no homem, nas mulheres é muitas vezes associado a ter iniciado o seu declínio. Segundo a psicologia evolutiva (ramo da psicologia que tenta explicar determinados comportamentos humanos à luz da nossa evolução como espécie), esta diferença deve-se a que durante a meia idade a mulher perde a sua capacidade reprodutiva, enquanto o homem diminui a mesma apenas ligeiramente, assim os sinais na mulher seriam vistos como indicadores de que não seria uma parceira adequada para fins reprodutivos. Numa sociedade que já não valoriza as relações apenas pelos seus fins reprodutivos, a hipervalorização da juventude pode tornar as mulheres especialmente vulneráveis ao envelhecimento.

A auto estima diminui quando a pessoa desvaloriza o seu aspecto físico, um esforço por manter-se saudável, jovem e bem fisicamente, desde que não seja obsessivo, pode ser muito positivo e ajudar a aceitar as mudanças progressivas no seu aspecto físico, até porque durante esta fase as capacidades físicas e mentais podem estar num nível bastante elevado.



Idosos

Até à década de 1960 a sexualidade no idoso não tinha sido reconhecida do ponto de vista físico, após os estudos de Masters & Johnson (1966, 1981) sobre a sexualidade humana, é que se começou a reconhecer a sua existência, muitos outros estudos têm confirmado uma grande diversidade na experiência sexual.

As pessoas com vidas sexuais activas durante a sua juventude, são as que mais provavelmente apresentaram maior actividade sexual, embora o mais importante seja manter uma actividade sexual contínua ao longo da vida. Um homem saudável poderá continuar a sua actividade sexual durante os seus 70 ou 80 anos. As mulheres podem manter uma actividade sexual até ao final da sua vida, e o maior obstáculo que podem enfrentar é a ausência de parceiro.

Naturalmente a actividade sexual nesta fase da vida é diferente de muitas formas. As pessoas idosas sentem menor tensão sexual, têm menos relações sexuais e com menor intensidade física. O tónus muscular que acompanha a relação sexual diminui em ambos os sexos.

Nos homens os níveis de testosterona são mais baixos e demoram mais tempo a conseguir uma erecção e a ejacular, podem necessitar mais estimulação manual e os tempos entre erecções tendem a ser superiores. As erecções podem ser mais curtas e menos firmes, desaparecendo com maior rapidez após a ejaculação. A disfunção eréctil pode aumentar especialmente em homens com doenças cardíacas, hipertensão e diabetes, embora possam existir tratamentos.

Nas mulheres todos os sinais físicos de excitação sexual, como o aumento dos seios, a erecção dos mamilos, o entumescimento dos lábios vaginais e do clitóris, são menos intensos. A vagina pode tornar-se menos flexível e precisar de lubrificação. No entanto a maioria dos homens e mulheres idosos podem alcançar o orgasmo e podem sentir prazer na sua actividade sexual.

Os seres humanos são seres sexuais, mesmo que a doença ou as situações de vida impeçam a expressão sexual, os sentimentos persistem. A expressão sexual pode ser muito satisfatória, principalmente se tanto os jovens como os idosos, o reconhecerem como normal e saudável. Os idosos devem aceitar a sua sexualidade sem vergonha ou constrangimento e os jovens devem evitar ridicularizar ou terem atitudes condescendentes perante os sinais de sexualidade saudável dos idosos. Devem ser dadas condições de privacidade, de aceitação e abertura dos técnicos de saúde que cuidam os idosos à comunicação sobre os problemas relacionados com a actividade sexual, assim como condições de socialização que permitam uma vida saudável e a expressão sexual no idoso.



Bibliografia:
Hyde, Janet Shibley (1982). Human sexuality. (2ª ed.) McGraw Hill.
Mahoney, E.R. (1983). Human sexuality.

ALUNOS

DECLARAÇÃO DE DIREITOS DOS PARCEIROS NUMA RELAÇÃO


· De ter as suas próprias opiniões
· De passar tempo com a sua família e os seus amigos
· À afectividade
· À segurança
· Ao apoio
· Ao diálogo
· Ao respeito
· A ser ouvido
· A passar um tempo sozinho
· A cometer erros
· A divertir-se
· À fidelidade
· À tolerância
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· A dizer “não”
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